sexta-feira, 18 de março de 2011

(Releitura de ABAPORU -Tarsila do Amaral - Essa foto representa "uma viagem de pensamento" que me aconteceu ao ler um texto de Martin Buber que falava sobre O ENCONTRO... e a relatividade deste; as particularidades e a subjetividade de cada um e o que lhe levará a estabelecer uma relação Eu-tu ou Eu-isso com o OUTRO ou ALGO. Pensando nisso... me deparei com o fato da ARTE ser esse elemento que é compreendido de acordo com a forma que cada pessoa a aprecia ou vivência; é a melhor forma de REPRESENTAR essa relatividade e essa subjetividade)



Nas últimas aulas buscamos distinguir a relação Eu-tu da relação Eu-isso. As discussões na sala caminharam na idéia de que a relação Eu-isso (que em principio não é má) é a relação que mais estabelecemos durante nossa vida; tanto no ENCONTRO (Buber) com o OUTRO como com o OBJETO.

Durante nossa vida, acabamos tendo mais relações Eu-isso que Eu-tu; compreendendo que esssa relação Eu-isso se dá nas coisas cotidianas, repetitivas ou que nos sentimos indiferentes ou pouco envolvidos; não reconhecemos uma identificação suficiente no OUTRO ou no OBJETO para que essa relação possa se configurar de outra forma.

Discutindo com a Prof. Deyseane sobre a possibilidade de uma relação Eu-isso vir a se tornar uma relação Eu-tu. Cheguei a conlusão que: Em uma relação que eu mantenho pouca identificação/interesse ou envolvimento faz-se necessário que seja facilitado ou construído algo que me desperte ENCANTAMENTO para tal relação. A partir desse encantamento, que gerará envolvimento e identificação; uma relação que se caracterizava como Eu-isso pode passar a ser uma relação Eu-tu. Por mais que compreendamos que uma relação Eu-tu seja pontual e efêmera. Mas é nesse apogeu do envolvimento que a forma como me relacionarei a partir de então se resignificará.


....ou não né!



COMENTÁRIO:
Foi pensando em estratégias para promover esse ENCANTAMENTO que os Educadores do Projeto onde trabalho contruiram um espetáculo junto com os adolescentes do Projeto. Os adolescentes participam já ha um bom tempo de oficinas de música e etc... Mas já fazia um tempo que esses meninos não tinham mais uma relação de identificação ou envolvimento de fato com essa atividade. Estava faltando ALGO...algo que os puxassem novamente, algo que de fato os encantassem..os envolvessem. E foi assim que construímos um ESPETÁCULO que foi apresentado no CUCA em Fevereiro. Os meninos construiram a história e apresentaram em um momento grandioso..em um palco de verdade e com o envolvimento promovido... eles passaram a ter outra relação com as atividades e o vínculo afetivo com os Educadores foi fortalecido. (Começo do Espetáculo - Curta sobre Exploração Sexual - )
http://www.youtube.com/watch?v=P9c6iBHOczE

Percebemos então que é nessa perspectiva de ENCANTAMENTO que devemos trabalhar com a ARTE. Que precisamos compreender a arte como algo inerente ao ser humano e que vivênciar ou o acesso a outras formas de arte é um direito fundamental. E é tentanto facilitar esses momentos de encantamento e envolvimento com a ARTE que construímos um PROJETO DE ARTE-EDUCAÇÃO para os trabalhos nas ruas e nas comunidades de FORTALEZA.

2 comentários:

  1. as relações eu-tu e eu-isso são realmente vivenciadas de formas diferentes, mas o que mais me veio a cabeça quando de fato entendi o que eram essas relações é que as duas são capciosas, a eu-tu por ser mais efêmera, nos coloca frente à frente com uma pergunta: será que nós deveríamos mudar, ou pelo menos tentar, essa perspectiva? Tratar os outros com mais respeito e dessa forma mudando um pouco a sociedade, demagogias à parte não acredito que possamos com o peso de relações diárias eu-tu, não dá há momentos em que não se quer ter sentimentos... já a eu-isso é isso por definição: eu e isso, não me toca, não me emociona, mas pode me condicionar. Thiago.

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  2. as relações eu-tu e eu-isso são praticadas diariamente e muitas vezes nem percebemos como nossas atitudes se tornam automáticas e deixamos de expressar o nosso verdadeiro sentimento diante do outro, que em muitos momentos se torna apenas um objeto de interesse, em outros quando percebemos a real necessidade de uma atenção ou expressar de forma mais clara esse sentimento, as relações eu-tu aparecem com mais facilidade e espontaneidade. Juliana Reis

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