domingo, 8 de maio de 2011

Arthur Schopenhauer é um Realista Humanista


     A filosofia pessimista, atribuída ao filósofo Arthur Schopenhauer, talvez não passe de um preconceito ou de um mal entendido, podendo ser analisada com outros olhos. Espero que possam gostar e entender o texto, não sendo-o interpretado como uma apologia. 

     Enxergar as coisas tais como ela são pode ser uma tarefa amarga, mas também pode trazer recompensas surpreendentes para aqueles que antes suspeitam de tudo que é doce demais. É, provavelmente, por esse motivo que em momentos da vida queremos impor a nós mesmos à uma vida de retiro e solidão, tentando ao máximo evitar dissabores provenientes das frágeis e vulneráveis relações humanas, percebendo que não estamos preparados para o amor e amizades verdadeiras. "Nenhuma relação é perfeita, porque as pessoas são imperfeitas."Pensemos: quantas pessoas mundo a fora já não se desiludiram no amor e na amizade, e como gostariam de jamais terem se apaixonado ou se dedicado fervorosamente  a alguém? o pensamento de Arthur Schopenhauer é, sem dúvida, um antídoto para péssimos exemplos de relacionamento humano, ou até mesmo uma espécie de cura para males intrínsecos à própria condição humana. 
    A filosofia de Schopenhauer explica que a natureza interessa-se menos pelo indivíduo e mais pela sua espécie. Portanto, tenta preservar essa personalidade que chamamos de "eu" será sempre perda de tempo e acréscimo de sofrimento, pois esse "eu" não pertence a si mesmo, mas é parte de algo bem maior, um "nós", que essa personalidade desaparece no oceano existencial, para então retornar infinitas vezes, como milhões de outras personalidades inconscientes de quantas pessoas já foram, quantas vidas viveram, o quanto amaram, foram amadas ou sofreram. Não é culpa do filósofo que assim seja, ele é apenas o decifrador de um código da natureza, que a despeito de nosso apego e romantismo pela vida, do alto de sua sabedoria não racional, não consegue enxergar homens, mulheres, crianças, pais, filhos, amantes ou rivais...Ele enxerga apenas família, a espécie humana, que, num ato de pura vontade e necessidade, mantém a roda existencial girando indefinidamente. "A vontade claro, é vontade de viver, de viver ao máximo,pois a vida é cara a todas as coisas vivas". Em outras palavras, o filósofo alemão a meu ver nos que dizer, que mesmo no reino orgânico vemos uma semente seca preservar a força inativa da vida durante três mil anos, e quando finalmente ocorrem as circunstâncias favoráveis, desenvolver-se numa planta.
     No caráter humano, quando conseguimos perceber seu valor como protagonista da existência, que não está diretamente relacionado com o ter , e que, por vezes, a riqueza é um entrave ao autoconhecimento, e a pretensa felicidade almejada jamais pode ser outorgada por outro a não ser nós mesmos, pois muitas vezes nos preocupamos em ficar ricos do que adquirirmos cultura, embora saibamos que, o que contribui mais para a felicidade é aquilo que se é e não o que se tem. Porque a felicidade que recebemos de nós mesmos é maior do que  a conseguimos em nosso meio.  
    Portanto a proposta de Artur Schopenhaeur é que não sejamos meros passistas e alienados no percurso de  nossa caminhada. Que saibamos viver com consciência dentro da nossa realidade, buscando um projeto de vida. Um ideal. Criando assim possibilidades e alternativas diante de lutas e glórias que perfazem a existencia da espécie humana . Valorizando o ser humano, para que ele possa estar sempre em movimento, exergando a vida como ela é, sem mentiras doces e de vãs lucubrações num reino de utopia, e sim, tornando-se produto e produtor de sua própria história, concluindo que a felicidade só depende de nós mesmos, a partir de uma consciência de nossas escolhas, porque é importante saber querer algo e o que querer.  


2 comentários:

  1. eita andreza, adorei o texto, parabéns, ficou muito massa. a sua visão sobre Schopenhauer é bem parecida com a minha, mas confesso que não sei se conseguiria criar um texto assim tão explicativo sobre esta doutrina, mais uma vez parabéns.
    thiago.

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  2. O assunto foi tratado de forma excelente. Muito boa a abordagem!
    Poucas pessoas sabem interpretar as propostas expressas por Schopenhaeur. Felizes são os que compreendem suas contestações.

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